Depressão, Análise do comportamento e Desamparo aprendido
- Lorraine S. Braz
- 31 de mar. de 2021
- 3 min de leitura
A depressão atinge milhões de pessoas no mundo, sejam elas crianças, jovens, adultos ou idosos. O Brasil é o país com mais casos na América Latina, cerca de 12 milhões de pessoas vivem com a doença. Com a pandemia os números de pessoas com depressão aumentaram, com falta de reforçadores diante a pandemia e a incontrolabilidade do momento que estamos vivendo aumenta o número de casos de pessoas depressivas. A depressão é um transtorno de humor que pode ser caracterizado por tristeza, perda ou ganho de apetite, irritabilidade, apatia, perda de interesse nas atividades, fadiga ou perda de energia, insônia entre outros sintomas. A depressão é uma das maiores causas do suicídio, e o Brasil é o oitavo país com maior número de mortos por suicídio e a terceira causa entre os jovens e por isso tão importante falar sobre esse assunto e trazer uma visão da análise do comportamento para o estudo da depressão. Os estudos realizados sob a visão da Análise do Comportamento consideram, majoritariamente, as relações funcionais existentes entre o sujeito deprimido e o seu ambiente. Uma falta de controle percebida sobre o resultado de uma situação leva o indivíduo a entrar em desamparo aprendido. Os eventos incontroláveis são estímulos aversivos apresentados independente do comportamento do indivíduo e isso impede que ele aprenda uma resposta de fuga/esquiva e é por isso, que recebe o nome de desamparo aprendido pois o indivíduo acaba não emitindo uma resposta de fuga/esquiva mesmo que elas estejam presentes nas contingências e demostram comportamentos semelhantes àqueles observados em clientes depressivos. A proposta do estudo rodeia em torno incontrolabilidade (falta de reforçadores) no ambiente em que o organismo está inserido. O organismo aprende que suas respostas são inúteis ou insuficientes para modificar as contingências aversivas e então acaba se comportando de forma passiva em frente a novas situações, haverá uma queda comportamental. Segundo Ferster, a pessoa deprimida sofre basicamente de falta de reforçadores. Como a emissão de comportamento é mantida por reforçadores, a falta deles deve gerar, necessariamente, uma baixa comportamental que pode corresponder à baixa iniciativa (passividade), isolamento social, pouca ingestão de alimento e entre outros comportamentos. No nível dos comportamentos encobertos, descreve-se tristeza ou infelicidade, pessimismo, entre outros comportamentos que chegam a público através do comportamento verbal do sujeito depressivo. É preciso que se busque investigar os processos que levaram o sujeito a ter baixa frequência de reforçamento. Uma das técnicas mais utilizadas para depressão na análise do comportamento é a ativação comportamental. A técnica consiste em ajudar o paciente a resgatar a capacidade de voltar a manter rotinas cotidianas, a técnica tem como objetivo fazer que o indivíduo recupere os reforços dos comportamentos através de modificações no comportamento e/ou no ambiente. Na ativação comportamental o terapeuta, juntamente ao cliente, irá estabelecer algumas atividades a serem feitas durante a semana. Trata-se de uma espécie de lista, as atividades são descritas e devem trazer reforços para o indivíduo, é interessante que sejam atividades nas quais é possível medir o quão longe o individuo chegou desde o começo da terapia. Uma observação importante é que é necessário que as tarefas no início sejam mais leves e que aumentem conforme o cliente avança no processo, seguindo até o indivíduo possa ter uma vida funcional novamente. Diante disto o estudo da depressão necessariamente precisa englobar a identificação dos processos que reduzem o valor reforçador dos estímulos disponíveis no ambiente, ou das condições que limitam o acesso do sujeito aos reforçadores na vida do sujeito. Tais estudos podem ser realizados clinicamente ou em laboratório, e são derivados de investigações básicas sobre o comportamento.
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